Não é noite, não é dia. Pegue a cartilha e reze a Ave Maria
Indefinido momento, dorme o tempo, meio agonia, meio suspiro, em melancolia difusa.Vento se arreta, como a descansar o dia, sem descortinar a noite. É quando pássaro esconde a cabeça, estufa as penas e não pia, oculta-se, apenas. Apruma-se a árvore e, sem recolhimento, veta o natural farfalhar dos ramos e folhas. Do rio, se corre, não se sente. De peixe, não se vê e o pó não faz poeira. É instante de não sentir aromas, tão pouco de ouvir o barulho da colher na xícara. É hora de não esforço e atenção das gentes, andanças quase dormentes. Assim, suspenso no ar, o dia. Apenas a parasita progride, despontando ativa e, sem rezar a Ave Maria, impulsiona o breve lapso da passagem do dia à noite.
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